O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




sexta-feira, 22 de novembro de 2013

FONTE FECUNDA



Entremeados verbos
obscuro sentido
na lucidez da trama
palavras que são véus

nas entrelinhas
teias de segredos
improváveis de decifrar
mescla entre real e imaginário

variáveis as vertentes
alimentam-se de si mesmas
num processo de recriar-se
contemplam a eterna sede de existir


In Tessituras e Tramas , Editora Verve, 2013
Ianê Mello.

Quem se interessar em adquirir um exemplar basta acessar o link:
http://www.livrariareliquia.com.br/tessituras-e-tramas.html

* Foto de Felipe Abrahão Monteiro no Pelada Poética No Leme.
 — em Estrela de Luz - Quiosque

sábado, 16 de novembro de 2013

O JOIO DO TRIGO


Há que separar o joio do trigo
O fruto bom do apodrecido
O supérfluo do necessário
O homem honesto do salafrário

Há que separar o direito do avesso
O ciúme do apreço
A paixão do amor
A honestidade do falso pudor

Há que separar o verdadeiro do falso
O bem calçado do descalço
O real desejo da luxúria
O lado animal da criatura

Há que separar o falso brilhante da jóia verdadeira
A sobriedade da bebedeira
O erro do ledo engano
O supostamente sagrado do profano

Há que separar a liberdade da prisão
A mão direita da contramão
O verdadeiro amor da obsessão
O verdadeiro sim e o disfarce do não

In Tessituras e TramasEditora Verve, 2013
Ianê Mello.

Lembrando que esta e outras poesias estão no livro Tessituras e Tramas Tramas, recentemente lançado pela Editora Verve e a venda na Livraria Relíquia (http://www.livrariareliquia.com.br/tessituras-e-tramas.html

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

TEMPO ADORMECIDO



Guarda teu sorriso no tempo da espera
fruto adocicado em plena estação
Guarda tua palavra na placidez do tempo
amanhecida flor que se abre em botão

Guarda teu amor no peito adormecido
aquecido no fogo fátuo da ilusão
Guarda teu abraço na ternura antiga
agasalhado na esperança que não finda

Guarda-te por fim inteira e intacta
que o tempo não espera e não perdoa
nas horas mornas em que passas debruçada a janela
enquanto a vida lá fora lhe convida a dançar

In Tessituras e Tramas , Editora Verve, 2013
Ianê Mello.


Quem se interessar em adquirir um exemplar basta acessar o link:
http://www.livrariareliquia.com.br/tessituras-e-tramas.html

terça-feira, 24 de setembro de 2013

As flores de meu bem.

a cloud hanging over me
branches smile
Finally!
the post reflects on osmosis
particularly every leaf falls
saddened with your order
the drain runs fresh water
one day served.
monosyllabic garden
seems to be at its end
land birds in the garden

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Se eu fosse madrugada

Se eu fosse madrugada! Talvez Se eu fosse madrugada Fosse orvalho Chuva Ou geada! Talvez Tivesse namorada Envolta em lençóis de cetim Descansando de uma alvorada Da noite Que ficou em mim! Talvez Fosse sol nascente Luz que se põe a poente Filho de boa gente Que nunca deixou de sonhar! Talvez Fosse mar Maresia Nevoeiro Sal De lágrimas de marinheiro! Talvez Fosse horizonte Estrela Bússola Guia Sextante Memória de elefante Um porto de abrigo A quem se perdeu Em tempo de se encontrar! Talvez... Talvez Eu fosse Só madrugada! Bravo

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

No olhar há qualquer desafio



No olhar há qualquer desafio
               há qualquer paixão
Agreste
Molhada
Original

Eu aceito o embate.

Penetro
Na arena confiante e rápido
Com força
Meu primeiro golpe

Sou impiedoso.

No olhar há uma leveza intensa
            Faço da origem minha divindade

RODRIGO DELLA SANTINA

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Amarelo



Não se morre distintamente
Perde-se uma singularidade
Jogada na terra, avara do amor
Junto aos detritos

RODRIGO DELLA SANTINA

segunda-feira, 22 de julho de 2013

O sol da tarde



O sol da tarde
Leve e macio
Se esparrama
No jardim.
Permaneço
Intacto.
Do outro lado
Um pintor
É abençoado.

RODRIGO DELLA SANTINA

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Enterro



Vai ficando sob a terra a palidez de um gesto.
O coro se pronuncia.
Flores são ofertadas.

Agora é a vez dos Poetas.

RODRIGO DELLA SANTINA

sexta-feira, 5 de julho de 2013

A pipa



Soltei no céu a pipa que me deram.
Deixei que o vento brincasse com ela.
Levou-a longe...
Para além do mundo...
Para o avesso das Páginas...
Devolveu-a sem mistura.
Ainda assim, o tempo, a marcha, a sombra.
― Não sei bem o que houve.

RODRIGO DELLA SANTINA

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Sono




Deixa, singela flor, que o sol te esqueça
E a lua te conforme os sentimentos;
Que a noite novo alento te forneça
’Squecendo os velhos ásperos tormentos.

Permite que os mais rudes pensamentos
Naveguem noutros mares e te aqueça
A sombra desses cálidos momentos
Que a vida, em casos raros, desconheça.

Entrega, flor cheirosa, o teu perfume
Aos montes onde quase tudo assume
A forma mais sublime da pureza.

Repousa sob os olhos da vigia
Que herdou do pai o ofício, e a agonia,
De ser serva de humana realeza.

RODRIGO DELLA SANTINA

domingo, 2 de junho de 2013

O pirata



Devo medir quem sou por meu tamanho?
Influi minha estatura 0 meu engenho?
Quem devo ser, então, se sou pequeno?
Que coisas devo ter, senão engano?

Desejo ser como os heróis de antanho.
Porém, desejo é coisa que mais tenho.
Não posso desejar o que pretendo:
A vida não me dá aquilo que sonho.

Serei eternamente um vão pirata,
Destinado a roubar o que não é meu.
Não vou desembainhar a minha espada:

Na luta quem se fere sou sempre eu.
Irei tomar a vida por ingrata
E ser julgado como Prometeu.

RODRIGO DELLA SANTINA

quarta-feira, 24 de abril de 2013

EU E VOCÊ NA CHUVA - Beto Palaio




eu amo chuva e café
enquanto na areia da praia
gramas que nunca nascem
a chuva cai sem proveito

o perfume do café
na chuva da manhã
convida, até desistirmos
do sono vencer a vontade

o chão que é feito de areia
esconde-se no tapete de mar
varre a areia os mil desejos
de ter você para o amor

de manhã não há planos
a chuva cai de mansinho
o café nos chama de novo
a gloria de viver se completa

Beto Palaio

Diálogo Poético : Ianê Mello e Joaquim Vale Cruz



ALMA LIBERTA


Ler descortina universos
seja em prosa, seja em versos
é magia e encantamentos
o mundo em letras revelado
para olhos que atentos
sorvem cada palavra
e em sonhos emprestados
a Imaginação cria asa
voando ao sabor dos ventos
enquanto o corpo em casa
preso a realidade permanece
a alma aturdida desvanece
em momentos de pura alforria
e o mundo lá fora se esquece
em  vidas de plena fantasia


Ianê Mello
(23.04.13)

***

Ao ler, ficamos de alma liberta
pois o sonho até desperta
e seja em prosa, ou seja em verso
é tal o encantamento
que na magia do evento
se revela o universo

E esse mundo revelado
e em letras transformado
pelos olhos mais atentos
tem momentos de alforria
em que surge a fantasia
voando ao sabor dos ventos

E os sonhos emprestados
que estavam no livro encerrados
e a alma desvanece aturdida
criam asas, voam alto
e sem qualquer sobressalto
mostram-nos a própria vida


Joaquim Vale Cruz 


*
Pintura de Charles Edward Perugini

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Diálogo Poético : Ianê Mello e Joaquim Vale Cruz



O PULSAR DA VIDA

Sempre é tempo de renascer
acreditar que é possível
uma nova manhã
um novo recomeço

A cada dia o sol brilha
mesmo que por detrás das nuvens
ele lá está...

Sempre é tempo
quando a vontade não é arrefecida
quando o medo é enfrentado
quando os sonhos retomam seu lugar
quando se vê com um novo olhar

Assim, a alma se regozija
e o encanto de viver recupera seu espaço
e do tempo que ficou prá tras perdido
resta apenas a lembrança do aprendizado

Viver pode ser bom
e não apenas um vício.


Ianê Mello.
21.04.13
***

É bom sentir pulsar a vida
dia-a-dia renascida
como uma nova manhã
e ver esse renascimento
quando brilha o contentamento
numa alma nossa irmã

Em cada dia o sol brilha
e é sempre uma maravilha
mesmo se atrás das nuvens está
faz os medos enfrentar
e os sonhos terem lugar
mesmo quando a vida é má

E quando ela é arrefecida
e se torna aborrecida
sempre é tempo de mudar
e assim se regozija a alma
e se recupera a calma
e a vida é mais salutar

Mas se a doçura de um olhar
nos quiser acompanhar
no encanto de viver
recuperando um espaço
com o encanto de um abraço
lá temos que nos render

E se o tempo atrás perdido
por força do próprio olvido
nos deixa alguma lembrança
ainda ficou o melhor bocado
lembrança do aprendizado
de viver sempre com esperança…


Joaquim Vale Cruz

domingo, 21 de abril de 2013

Sonhos




Eu queria ser
O poeta da singeleza da simplicidade
(Não à moda de Manuel)

Eu queria também
O ritmo perfeito
A música jamais ouvida

Eu queria que os meus versos
[Quando magoassem outro peito]
Como a flecha do Filho de Afrodite
Deixassem-no chorar sua pureza, sua mácula, seus rubis.

Cicatrizado,
Que o deixassem pulsar os rastros subcutâneos da rima
— Como o sino de uma Catedral.

Eu queria que os meus versos, caro Walt,
Pudessem acordar Adamastores...

RODRIGO DELLA SANTINA

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Diálogo Poético: Ianê Mello e Joaquim Vale Cruz





POEMINHA DE CARNAVAL

Acabou o carnaval
em cinzas se transformou
despe tua fantasia
tira a máscara da falsa alegria
vem brincar de viver

Ianê Mello

***

O CARNAVAL DESTA VIDA


O carnaval desta vida
é uma mentira comprida
é uma ilusão mascarada
é uma mão cheia de sonhos
promete dias risonhos
e no fim…acaba em nada…

Mas há que remar com força
antes que a vontade torça
e acabe por se quebrar
afinal a vida é bela
vamos lá pugnar por ela
pois vale a pena lutar…

Joaquim Vale Cruz

(13.02.13)

*
Pintura de Carybé

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Dialogo Poético : Ianê Mello e Joaquim Vale Cruz




NAUFRÁGIO

Ousou amá-la como quem ama sem fronteiras
despindo-se do medo de entregar-se
Ousou amá-la como quem ama sem pressa
içadas as velas em mares profundos navegou

Ousou amá-la mais que tudo e além
abandonando-se ao encanto de pertencer
Ousou amá-la e por amá-la tanto
olhos em pranto assistiu sua partida


Ianê Mello

Afoguei-me nos teus olhos cheios de pranto
na partida, com tanta dor, daquele cais
tudo por te querer e te ter amado tanto
tudo por temer por minha ausência, não te ter mais

Mas porque mais que tudo eu te amava
e no meu desejo de tanto, tanto te querer
aqui e além cada vez de ti eu mais gostava
e por esse gostar só vim de amor, a padecer

Ousei navegar num mar profundo sem canseiras
despindo-me de todo o medo ou mau pressagio
e navegando a todo o pano e sem fronteiras
em teu corpo encontrei, por fim, doce naufrágio…


Joaquim Vale Cruz

*

 
Pintura de Alex Alemany

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Diálogo Poético: Ianê Mello e Joaquim Valle Cruz




A VIDA ARDE


como conter a sede
e afogar a dor?
a vida é sangue e sal
ferida aberta
carne exposta
olhos baços
mãos sós
fatigado corpo
enrodilhado em si
frio  de amores  vagos
escassos  perfumes
em noites  insones
inquieta  procura
silencioso  amanhecer
a  vida é vidro e corte
fuga  eterna e insana
do  que se chama morte


Ianê Mello


***

A vida é sangue é sal
ferida aberta
em corpo que por sinal
já mal desperta

É carne exposta à dor
contendo a sede
de olhos baços, sem cor
olhando adrede

É corpo fatigado
e mãos tão sós
em si enrodilhado
e sem ter voz

É frio de vagos amores
perfumes escassos
em noites de maus humores
pobres de abraços


E nesta inquieta procura
buscando um norte
a vida é tenaz tortura
e por fim, é morte !!!


Joaquim Valle Cruz

(26.01.13)

*

Fotografia de Anka Zhuravleva


domingo, 20 de janeiro de 2013

Diálogo Poético: Iane Mello e Joaquim Vale Cruz





CAIS DE MIM


A dor repouso num canto
o pranto enxugo com a mão
em poesia transborda o cantar
no encontro do verbo na ação

e de tanto desaguar em rio
sou mar de anseios perdida
mulher  entregue ao cio

só de (a)mares sinto a vida


Ianê Mello

(16.01.13)

*

Arte de Luiza Maciel Nogueira


***



Só de amar e por amar sinto a vida
tal qual mulher entregue ao cio
pois esta vida é para mim uma corrida
e cada dia seu, um eterno desafio

Sou perdido em largo mar de anseios
quando meus prantos enxugo com a mão
pois o amor para mim, tem tais enleios
que sem receios lhe entrego o coração

Por isso em poesia transborda o meu cantar
neste cais de mim em que quero aportar
para encontrar o verbo em plena ação

E assim sendo num canto a dor repouso
pois se acordá-la algum dia ouso
de certo a encontrarei nas ondas da paixão.

JVC – Fb - 2013-01-19

Joaquim Valle Cruz
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