O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Diálogo Poético Naldo Velho e Ianê Mello





NÃO QUERO


   Não quero a letra fria,
   mal intencionada e perversa
   a promiscuir-se em meus versos,
   pois a ela só interessa
   destruir minha emoção;
   tão pouco a rima obscura,
   corrompida e grosseira,
   a envenenar meus poemas
   e a acasalar-se obscena
   às lembranças, histórias,
   guardados...


   Não quero a imagem obtusa
   a poluir minha saudade
   com racionalismos, verdades,
   deixando-me os sonhos
   reclusos na desilusão.
   Prefiro chorar meus poemas,
   em versos que sejam de chuva,
   ou então de incertezas de planos,
   de notas demenciadas de um piano,
   de caminhos por ruas incertas,
   madrugadas inteiras de insônia,
   pois só assim eu me vejo completo
   e mantenho acesa a chama
   que existe em meu coração.


   Naldo Velho


ENREDANDO VERSOS



Ah, versos que caem

em gotas de chuva
versos que se esvaem
em lágrimas contidas
em folhas nuas
brancas e sem vida
em palavras cruas


Ah, versos que se nutrem
de dores e de amores
Versos que fluem
transbordando em cores


Ah, versos que são puros
que transpõem muros
Versos que se quedam
Versos que se enredam




Crédito de Imagem: Foto de Cartier Bresson

Um comentário:

Marcelino disse...

Gostei muito do poema de Naldo Velho, ainda não conhecia o poeta. Esta foi uma ótima primeira vez.

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