O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




domingo, 23 de outubro de 2011

Vozes em madrigal - Domingo de Poesias - Biodiversidades étnicas




Eu fui o que me fizerem Ser
coisa alguma
coisa nenhuma
livre ser

Sou tudo
sou tampouco
me importo
mundo louco

Sou miscigenação
canção sou eu
cores e gênios
departamentos.

Gosto diverso
Sou contesto
Gosto de tudo
Sou do mundo

Fina estampada
Índia misturada.

Giselle Serejo 


Canto e danço
pode ser Tango ou Toada
entro nessa
Sou raçiada
abrasileirada

Alegre e festiva numa.
Noutra sisuda e bunda-suja
entro numas
dispo de pele, sou Giselle-cruela.

Giselle Serejo


Razão eu entro
Do advento eu vim
Escrevo sempre torto
absorto ser

Gauche era Ele
sou Quadrouche
Fisigauche
Verdade êngodo

Lobo que uiva
em cima da pedra
sem essa de florzinha
gosto de rio.

Só somente só
Assim vou me chamar
enquanto eu quiser SER
Até agora sou Vozes.

Giselle Serejo



MISCIGENADA

Sou branca da pele alva
mas nome de índia tenho
"minha e tua, de nós dois"
contra senso de meus pais
mas não me importa, não
tenho a raça no coração
sou forte e bravia
sou de espírito guerreiro
gosto de pé no chão 
e de uma rede pra balançar
influência do nome
podem dizer
numa chacota
pergunto, será?
Sou brasileira
e disso tenho orgulho
povo mais que sofrido
lutador, não perde a pose
mesmo morrendo de fome
preserva-se e sobrevive
nesses tempos de vacas magras
Sou feita de várias raças
sangue negro corre em minhas veias
portugueses, italianos e franceses
sou plural e mesmo assim única
humana como qualquer um
meio bicho, meio mulher
dócil e feroz
altiva e simples
sou de argila, barro, pó
e de estrelas incandescentes
sou viva, sou pecadora...
SOU GENTE.

Ianê Mello
( Pintura de Tarsila do Amaral)



Biodiversificação

Parda,
triguenha índia,
preta
desbotada,
avoengas cruzadas;
Toledo loiro, dito
"cristão novo"
pelos mares do lado de lá,
Rodriguez d'Espanha,
Menezes das Minas Gerais;
neste mundo americano,
nessa terra,
"se plantando, tudo dá",
nessa benção
o meu lar.
*
Imagem: de Damian Doxe
no Design-Dautore/FB
De: NeyMaria Menezes


Um comentário:

Dilberto L. Rosa disse...

Poemas cheios de vida feminina e de identidade racial: com uma força pungente (tirantes uns pequenos deslizes na Língua...), todos os versos parecem fundir-se em belas imagens vívidas e cheias de cores no ar! Parabéns às poetisas ceias de pulsação!

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