O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Livre criar é só criar - Sábado Poético - Augusto dos Anjos, o poeta do hediondo!





Tempo que não morre

A minha boca é a mesma que te beija
A minha mente é a mesma que te aumenta
nunca apedreja
o escarro deles passa ao lado e cai

Longe no tempo ficas aqui perpetuado
a franzinez nada atrapalhou
modo lúcido e mental
escárnio encarnado de lucidez!

Giselle Serejo


Sombra

Na tênue penumbra
As cores se diluem
Em fragmentos

No clarão sedento
De uma luz inquieta
Que penetra no fundo
De uma imagem

E condensa num espaço
A incerteza de ser
Apenas um vulto
Na escuridão sombria
Que dilacera seres e coisas

Ydeo Oga



CASA

Onde mora o homem.
Dentro de si mesmo.
Monastério de prosas.
Vozes em madrigal.
Dentro de si mesmo.
Onde mora o homem.

Beto Palaio


Doce Anjo

Fui um Anjo Doce.
Acreditei muito além do que via e ouvia.
Confiei em palavras e olhares, gestos e sorrisos.

Viajei em sonhos e multíplos planos,
Fiz Amor em noites de Lua vazia.
Esperei por horas, dias, eras
Por um Ser que Eu tanto queria.

Banhei-me em Seu perfume
Só para sentí-lo
Mais próximo a mim.

Um dia, desconfiei de Seu silêncio.
Descobri teu Amor secreto, puro e verdadeiro.
Soube que tua alma, teu corpo, teu sentimento
Jamais seriam meus.

Transformei-me em um Anjo amargo.
Anjo negro, asas de gelo e aço
Divino e falso diabo.

Aquele que por fora sorri.
E por dentro chora um Amor (impossível)
Que aos poucos há
De o consumir...

Giane Coruja




SEPULCRO das QUIMERAS

Enterraste ao pé da árvore
Tua efêmera e mórbida quimera
Que da sepultura jamais levantaria
Regaste com escarro
A terra em que talvez brotasse a hera
Escárnio do rubro sangue
Que cruel verteste  em vida

Ainda que putrefeito
Pelos dejetos que regurgitas
Infecunda semente mortalmente ferida
Aos vermes lançado teu corpo
Alma de um ser amaldiçoado
Dissolvido sem esforço
Pelos miasmas que criastes
Consumido no mesmo solo
Em que os amorfos sonhos sepultastes

- Ricardo Daiha -

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