O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

CADAVRE-EXQUIS (11)



Pode ser apenas equívoco
Ficamos de nos falar
Embora sem compromisso
Quando aquilo aconteceu
Estávamos defronte ao muro


Tijolo por tijolo
Erguido solenemente
Por mãos humanas
Divisor concreto
De vidas que se separam


Corta-se o tempo em dois
Como em talho de gilete
Um dos tempos é acéfalo
O outro não tem pés
Ambos passam por passar


A vida estanca
Num breve instante
Entre o olho e o olhar
Sem pesos nem medidas
Apenas flui
Rio de encontro ao mar


Um oceano também duplo
Para lá, o mar cortado
Para cá, sua parte gêmea
Um caminho entre ambos
Frágil como a humana existência


Humano em corpo
Espírito que se dilui
Em luzes, sons e cores
Que vagueiam pela estrada
Num sentido de mão única


Beto Palaio e Ianê Mello

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails