O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




domingo, 12 de dezembro de 2010

RUA DA MEMÓRIA


Pintura de Maurice Utrillo


Ao voltar do exílio
O martírio de rever
Esta rua de infância
Irreconhecível, no entanto
Aos olhos da lembrança

No incontestável tempo
Memória que não se apaga
As marcas tatuadas
que aos olhos se perdem
Como uma fotografia
Amarelecida pelos anos

Com destino irrevogável
Rua de rostos passados
O afiador de tesouras
O dono do açougue
A filha do verdureiro
O vendedor de pipocas

A velha amendoeira
De sombreado amigável
Os amigos de infância
Afeições  passageiras
Como a relva orvalhada
Sob meus pés descalços

No conforto da esquina
Havia o homem do jogo
Com um zoológico à venda
Jacarés de dentes afiados
Cobras saltando dos boletos
Macacos pendurados no poste
Elefantes abarrotando a rua

Lembranças, só lembranças
Tempo que não retrocede
Habitual que assim seja
A vida segue seu curso
Do passado, o aprendizado,
a  fruta já madura
Rugas no rosto liso de outrora 

Beto Palaio e Ianê Mello

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