O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O POEMA



Poema
quando surges
urges urgências
imediatas
és apressado e deslizas
em palavras
que escorrem
no papel
Inexatamente exato
és perfeito
imperfeito sendo
pois que de pouco
muito se torna
e do muito
faz-se um nada

Poema
és alma lavada
purificada em pranto
Poema és sujo
nas palavras coloridas
em sangue
nas quais te embriagas
e te deleitas

Poema
és rarefeito
quando ar te falta
e ter perdes no vazio
Poema 
és sombrio
quando turvado na dor
e te banhas em lágrimas

Poema
simplesmente és
a turbulência do momento
em que aconteces
ou a calmaria 
de que por ventura padeces

Poema
simplesmente és
tempo e memória


Ianê Mello


O que pode ser um poema ?
Pode ser grande dilema
pode exteriorizar muita pena
pode só ser fantasia
pode mostrar alegria
pode cantar a beleza
pode demonstrar tristeza
pode todo ele ser paixão
pode abrir um coração
pode levar-nos a cantar
pode nossa alma alegrar
pode fazer padecer
pode em saudade se perder
pode dizer do nosso querer
pode surgir como um pranto
pode dar-nos certo encanto
pode pôr nossa alma nua
pode ser feito à Lua
pode ser jardim em flôr
pode sofrer de tanta dôr
pode, enfim... ser só ...de AMOR


Joaquim Vale Cruz


POEMA PÓS-IANÊ




O poema sobre o nada é tudo
Esse poema tem casa de caracol
Arenga é seu alimento matinal
Atriz sua musa preferida
Raiz seu pé esquerdo
Narinas seu pé direito
Avenida sua mão de direção
Catavento seu olho vago
Carismática sua cabeleira
Mensagem é sua alma
Encordoamento sua fala


Assim por diante o poema 
Se descreve de modo incerto
Como se a humanidade fosse
Meninos em idade escolar
E sua missiva tão somente
Uma cartilha Caminho Suave


O poema lê Castro Alves
Com certo ar de enfado
Apresenta-se em vesperais
Diz-se comprometido
Com a construção em Machu Pichu
Com a desconstrução no Salgueiro
Num melê disso filmografado naquilo
Tudo o que lhe lembre vagamente
O fagote alvorecido de Cruz e Souza


Eis lá o poema descansado
Pega cor no tanque de lixívia
Coça o calcanhar de Aquiles
Voa com o 14-Bis
Varre, varre o Bomfim
Carrega o piano de Sinhô
Masca chicletes com Neruda
Come quitutes de Cora Coralina
Abre as comportas para Ianê Mello
Fecha o corpo de baile do Olimpiá
Acende o letreiro de Hollywood
Faz-se de tonto em Oito e Meio
Finge-se de morto em Braz Cubas
Acorda bem vivo no aquário 
Que o Matisse pintou
Com peixes dourados.



  Beto Palaio



AREIAS DO TEMPO



Os minutos fogem rápidos
cúmplices dos segundos 
que passam 
...vertiginosamente.

Minha vida esvae-se 
por entre minúsculos grãos
que escoam 
rapidamente
dentro do vidro impenetrável
por onde deslizam
silenciosamente
as areias do tempo.



Verluce Almeida



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