O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




quinta-feira, 11 de novembro de 2010

DANÇA DAS CABEÇAS









(Para Egberto Gismonti)



Perdido seria jamais, que de sinal, uma amnésia.
Patuá, costelas, geração. A aldeia global será cicatriz.
Gado de manada. Cabeça que mais pesada têm-na.
Menção, idéia, barracas, enfim, piolho, criança.
Dormindo em louros sempre. Claro para assim ficar.
Crânio que, coisas e loisas, quer sexo ou abismos.

Batidão cabeça. Pesado, ritmado, tensão que gera. Cratera.
Afins. Achados. perdidos. Clamor na multidão.
Pensantes. Pensados. Pensamentos. Cabeça que gira.
Roda pião. Gira pião. Ovelha desgarrada. Falsa idéia. Nada.
Chapéu na cabeça. Cabeça oca. Razão. Receptáculo.
Tábula rasa, minha cabeça, não. Penso, logo existo. Insisto.

Vida de horas últimas de, e sobre, informar.
Belo, esquecer e querendo, braços, barbatanas, cachola.
Torturada boca, quebrados dentes, restos separados, lábios.
Ao nariz, ar, chorar, infâmia, sonambulismo, cidadania.
Falso, além disso, é o tradutor e o nome, ele de ir, foi-se.
Outro, este, justiça, pontal, direitos rompidos, solidariedade.

Despertou com, a noite sem, por sobre o nada. Dorme.
Vazio, cheio de ar. Sinos de metal. Chuva e sol. Clarão. Mente quieta.
Mulher, homem, mesa de bar. Bocas escancaradas, cheias de dentes.
Vinho na cabeça. Sobe maresia. Maré alta. Faixa estreita. Limítrofe.
O limite é além e mais. Senta pra esquecer. Mais um copo. Olha o sinal.
Fogo. álcool. Lambe labaredas. Circo. Corda bamba. Bambeia homem. Bambolê.

Pensar, domingo a segunda, não por algo que seja mundial.
Paz, tal limpa, que seja, qual embalagem de banana, a casca.
Classe, identidade e substância, aristocracia, fé.
Hortelã, biografia, útil seria, animal, laços, nexo.
Pavor em boca de vampira, torto e eterno amor.
Tarada, lá, ao gozo, para mais, dolorido.

Batecabeçacomcabeçaquebatepino. Bate que bate até quebrar.
Loucura lúdica lume. Suor que sua em bicas e pinga. Janela de ouro. Visão do mar. Mofo. 

Areia movediça. Carniça. Dragões da manhã, assombram.
Fera ferida. Recalcada. Sangra. Rastro de destruição. Fé perdida.
Escorrega na casca. Banana madura. Beira de estrada. Bicharada. Marimbondo no pé. Zé.

País do sol. Farol. Lá vai o trem. Caipira. Ciranda e destino. A rodar. 
Serra do luar. Gismonti.




Beto Palaio e Ianê Mello





Que grande quebra-cabeçasÉ charada
Tão cifrada
Em que o poeta pede meças
à cabeça do leitor
que nela fica com dôr
por não entender a razão
de tão grande confusão…
Palavra puxa palavra
e o poeta até lavra
seu pensamento
veloz
em palavras e lamento
porque o suor vai correndo
na corrida lexical
que não sendo nada formal
encanta pela procura
de alguma sinecura
com rendimento real
vocábulo puxa vocábulo
e a tensão por seu mal
acaba por ser banal
quando ele consegue afinal
acabar com seu dilema
e terminar o poema
acabando a coisa assim
escrevendo a palavra…FIM
 


Joaquim Vale Cruz


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